O presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), conselheiro Sérgio Ricardo, anunciou na quarta-feira (21) a criação de uma mesa técnica para abordar o crescente problema do superendividamento dos servidores públicos estaduais. O encontro acontecerá na próxima segunda-feira (26), às 14h30, no auditório da Escola Superior de Contas, reunindo deputados, representantes do Governo do Estado e sindicatos.

A medida surge diante de relatos preocupantes sobre servidores que têm quase todo o salário comprometido com dívidas, dificultando sua sobrevivência financeira. O conselheiro Sérgio Ricardo enfatizou que a intenção da iniciativa não é penalizar ninguém, mas sim encontrar soluções para aliviar a situação dos servidores.

A proposta da mesa técnica foi aprovada na sessão ordinária de terça-feira (20), após sugestão do vice-presidente do TCE-MT, conselheiro Guilherme Antonio Maluf. Ele alertou para denúncias de irregularidades na cobrança de empréstimos consignados, que chegam a comprometer até 60% da remuneração dos servidores.

O TCE-MT já recebeu um relatório detalhado do Governo do Estado, contendo informações sobre empréstimos consignados e suas respectivas condições. Segundo Sérgio Ricardo, o documento, que ultrapassa 4 mil páginas, está sendo analisado para que os dados sejam debatidos de forma aprofundada.

A mesa técnica buscará soluções viáveis e mecanismos de fiscalização para evitar abusos financeiros contra os servidores públicos. Entre as preocupações levantadas, está a oferta excessiva de crédito por parte das instituições financeiras, que induzem os trabalhadores ao endividamento sem plena compreensão dos impactos.

A iniciativa contará com a participação de entidades bancárias, Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), sindicatos e instituições financeiras. O objetivo principal é garantir normas mais rigorosas e promover educação financeira aos servidores.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso (Sinpol/MT), Gláucio Castañon, ressaltou que o problema do superendividamento é agravado pela falta de reajuste salarial e pelo assédio dos bancos. Segundo ele, a maioria das ligações recebidas pelos servidores envolve ofertas de crédito consignado, tornando-se um ciclo difícil de escapar.

Diante dessas circunstâncias, o Sinpol/MT contratou uma banca de advogados para investigar irregularidades nos contratos de crédito consignado, e todos os documentos analisados até o momento apresentaram problemas. Castañon elogiou a iniciativa do TCE-MT, classificando a mesa técnica como um passo essencial para enfrentar essa crise financeira.